Karla Patriota e Olga Siqueira
Desde o surgimento dos primeiros meios de comunicação, a audiência
procurou manter um diálogo com os produtores de entretenimento. Leitores de
revistas utilizavam as conhecidas “cartas do leitor” para exprimirem suas
opiniões, ouvintes telefonavam para as rádios para solicitar músicas de sua
preferência ou tecer algum comentário sobre o tema que estava sendo debatido e
telespectadores votavam em seus candidatos prediletos em programas de calouros.
Sempre foi patente a necessidade de expressão dos receptores e, à medida que os
suportes midiáticos foram incorporando mais recursos tecnológicos, essa
comunicação de mão dupla foi ganhando força, como pode ser conferido com a
atual realidade dos meios digitais.
Ao dispor das facilidades dos dispositivos móveis e da web, os
internautas ampliaram seus canais de conversação e passaram a emitir suas
impressões – críticas, comentários, elogios - acerca de marcas, produtos e
serviços. A prática da recomendação ganhou força com as trocas propiciadas pelo
ambiente digital, mais especificamente com os sites de redes sociais, e o
consumidor tornou-se uma espécie de formador de opinião, posto antes conferido
às celebridades dos comerciais, apresentadores em ações de merchandising ou ainda jornalistas, dentro do conteúdo editorial
dos veículos. Informações outrora destinadas aos círculos de familiares e
amigos, passam a compor o histórico de experiências ligadas à marca e servem
para auxiliar a decisão de compra de novos usuários e, em última instância,
construir um posicionamento institucional mais sólido.
O formato híbrido, que une publicidade e entretenimento, deve, nesse
sentido, explorar assuntos de interesse do público, pois com o turbilhão de
informações circulando dentro e fora do espaço digital, temas que dizem
respeito às suas preferências possuem mais chances de serem discutidos e
compartilhados de forma espontânea. Qualquer ação elaborada para promover a
participação precisa reforçar crenças e valores do target.
Não é à toa, portanto, que o entretenimento se constitui como um
eficiente caminho para promover a ampla participação. Momentos ligados ao lazer
e prazer, principalmente os mais imersivos – com o auxílio dos recursos de
texto, som e imagem dos novos meios, atraem naturalmente essa audiência ávida
por experiências únicas. E do ponto de vista mercadológico, além de demonstrar
atributos como inovação e pioneirismo do anunciante diante dos principais
envolvidos, dificulta a cópia desenfreada da concorrência.